Por Dra. Renata Aniceto – médica pediatra, nutróloga e fundadora da Tribo 21
O Censo de 2022 trouxe um dado inédito e poderoso: o Brasil tem mais de 2,4 milhões de pessoas com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). É a primeira vez que esse número aparece de forma oficial no levantamento do IBGE e isso, por si só, já é um marco.
Mas o que esse dado realmente significa para nós, que estamos todos os dias ao lado das famílias atípicas? Significa visibilidade, urgência e responsabilidade. É um número que escancara a importância de se falar sobre o autismo com seriedade, base científica e empatia. E, mais do que isso: reforça o quanto precisamos de atendimento especializado, estruturado e humano para essas crianças.

Quando o diagnóstico vem ou não vem?
Na prática clínica, vejo diariamente mães e pais que chegam com dúvidas, angústias e a sensação de estarem sozinhos. O caminho até o diagnóstico de TEA pode ser longo, cheio de “espera mais um pouco”, de sinais ignorados ou confundidos com “fase” ou “jeito da criança”. Em crianças com outras condições, como a Síndrome de Down (T21), essa espera pode durar ainda mais — em média, até 5 anos para um diagnóstico de autismo.
É por isso que, desde que fundei a minha clínica em São Bernardo do Campo (Av. Antártico, 381 – Sala 46 – Jardim do Mar), tive clareza de que o nosso papel ia muito além de uma boa anamnese. A missão era (e é) acolher, orientar e cuidar com uma abordagem completa e centrada na criança e na sua família.
Um cuidado verdadeiramente multidisciplinar
Na clínica, o atendimento vai muito além da consulta médica. Pediatria do Desenvolvimento, Endocrinologia, Nutrologia e Nutrição trabalham em conjunto com os pediatras para oferecer planos personalizados, respeitando as particularidades de cada criança e da dinâmica familiar.
Além disso, contamos com parcerias externas com terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos e psicopedagogos, promovendo uma visão 360° do cuidado. A ideia é simples, mas poderosa: garantir que nenhuma família caminhe sozinha.
“A família precisa saber que não está sozinha. E mais do que isso: precisa sentir segurança no cuidado que está recebendo.”
Da clínica para o digital: nasce a Tribo 21
Meu trabalho não para nos consultórios. Como mãe de uma jovem com T21 e médica de muitas crianças com TEA, senti a necessidade de criar algo maior: um espaço de apoio contínuo, troca de experiências e informação segura.
Assim nasceu a Tribo 21, a primeira comunidade digital do Brasil voltada ao universo da T21 e do neurodesenvolvimento, com conteúdos acessíveis sobre alimentação, suplementação, desenvolvimento cognitivo, comunicação e TEA na T21. Hoje, já somos milhares de famílias conectadas, aprendendo juntas que informação de verdade muda vidas.
O que esse dado do IBGE nos convida a fazer?
Mais do que reconhecer, o dado de 2,4 milhões nos convida à ação. Precisamos:
- Investir em diagnóstico precoce e capacitação de profissionais da saúde e educação.
- Ampliar a oferta de terapias baseadas em evidência científica (como a ciência ABA) no sistema público.
- Desenvolver políticas públicas inclusivas que enxerguem a diversidade do desenvolvimento infantil.
- E, acima de tudo, acolher melhor as famílias — com escuta, respeito e clareza.
Se você é mãe, pai, familiar ou profissional da saúde e quer oferecer o melhor para a criança que acompanha, saiba que existe um lugar onde isso é possível. Estou aqui com minha equipe para caminhar junto com você.
💙 Vamos transformar esse número em cuidado, e esse cuidado em autonomia.