As novas perspectivas para a T21: O Que Aprendemos nos Últimos Eventos Científicos sobre Síndrome de Down

Por Dra. Renata Aniceto, médica pediatra, nutróloga e mãe da Laura (T21)

Nos últimos dias, participei de dois encontros muito especiais: o Simpósio Internacional sobre Síndrome de Down, em Belo Horizonte, e a 1ª Jornada Sergipana sobre T21, em Aracaju. Um como ouvinte, outro como palestrante. Em ambos, fui com o coração aberto e voltei com a certeza de que estamos trilhando um caminho bonito — de mais informação, mais inclusão e mais oportunidades.

O que mais me tocou nesses eventos foi ver as pessoas com T21 ocupando um espaço de protagonismo real. Estavam lá — na organização, nas oficinas, nas falas e apresentações. Jovens e adultos que compartilharam suas histórias, seus talentos, seus projetos de vida. Algo que até poucos anos atrás era impensável. E foi emocionante. Porque ninguém melhor do que eles para dizer o que é viver com T21. A frase “nada sobre nós, sem nós” nunca fez tanto sentido como agora.

Nada sobre nós, sem nós: a revolução da representatividade

Falou-se muito sobre autonomia. E isso me fez pensar o quanto a rede de apoio — a que cerca a criança, mas também a que sustenta a família — é fundamental. Porque não se conquista autonomia sem apoio. Sem terapeutas, sem professores, sem médicos e, claro, sem pais que acreditam no potencial dos seus filhos.

Eu sempre digo: ninguém é 100% independente. Todos nós somos dependentes em alguma medida — da nossa rede, da nossa rotina, dos nossos vínculos. Mas a autonomia, essa sim, é possível. E começa cedo. Nas pequenas responsabilidades do dia a dia. No incentivo para que a criança amarre seu tênis, escolha a própria roupa, participe das decisões, vá à escola mesmo quando a insegurança dos pais bate mais forte.

Quanto mais cedo acreditamos na capacidade dos nossos filhos, mais espaço damos para que eles desenvolvam habilidades que vão fazer toda a diferença no futuro. E isso vale para todos nós, né?

Os eventos também reforçaram pilares que já são muito familiares para quem está na Comunidade Tribo21: alimentação, suplementação, sono e atividade física. Quanta coisa boa foi compartilhada! Falou-se, por exemplo, sobre a dieta do Mediterrâneo como referência para a alimentação de crianças com T21, pela sua ação antioxidante e neuroprotetora. Sobre a importância de uma rotina alimentar estratégica para o desenvolvimento cognitivo e prevenção de doenças. E sobre o papel da suplementação como apoio, e não solução mágica.

A atividade física também ganhou destaque — não só como uma fase da fisioterapia, mas como um hábito de vida. Mover o corpo é essencial para o cérebro, para o tônus muscular, para a prevenção do envelhecimento precoce, que infelizmente é uma realidade na T21. E quando falamos de envelhecimento, olha que avanço: hoje já se discute o rastreamento precoce da Doença de Alzheimer nessa população, com estudos de biomarcadores e medicamentos em desenvolvimento. Um marco que mostra como a ciência está, finalmente, olhando para o futuro das pessoas com T21.

Voltamos desses eventos com a certeza de que muita coisa está mudando 🧡 Que a ciência está caminhando. Que o diálogo está mais aberto. E que, com o apoio certo, cada criança com T21 pode conquistar muito mais do que se imaginava. Eu sigo aqui, como médica, mãe e parceira de vocês, comprometida em trazer essas atualizações de forma segura, clara e aplicável à vida real.

Porque mais do que conhecer os caminhos, eu sei o que é estar nesse caminho.

E se você está aqui comigo, saiba que não está sozinha.


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